As diferenças entre homens e mulheres no Exército Brasileiro
08/03/2016 15:21 em VOCÊ NA CIDADE. (Mande seus vídeos
Em pleno século XXI, onde vivemos em uma era digital e a humanidade se apresenta como uma espécie evoluída, ainda existe algumas situações em que as mulheres são impedidas de executar determinadas atividades. No Exército, ainda hoje, por exemplo, a mulher não pode ser soldado. O Imparcial esteve no 24º Batalhão de Infantaria Leve (Bil) para conhecer a razão desse impedimento e saber o que as mulheres que servem ao Exército pensam sobre o assunto.
O coronel Carlos Azevedo, comandante do 24º Batalhão de Infantaria Leve (Bil), afirma que o único impedimento que existe dentro do Exército para a mulher é de ser um combatente de guerra (soldado), proveniente da Lei nº 1.187, que entrou em vigência no longínquo ano de 1939, que limita a participação delas em combate. Fora isso, a mulher pode ingressar no serviço militar de forma voluntária e seguir carreira normalmente assim como os homens.
A grande diferença é que os homens são obrigados a se alistar no Exército aos 18 anos, enquanto as mulheres entram apenas como voluntárias através de concurso, de acordo com a escolaridade, que pode ser curso superior e curso técnico.
“Mesmo com este impedimento, muitas mulheres estão no exército em todo o país. Quanto a ser combatente, essa realidade vai mudar, pois este ano a partir de julho meninas do ensino médio poderão fazer concurso para a escola preparatória de cadetes. Será o primeiro ano da escola de combatentes para mulheres. Daqui a cinco anos, teremos a primeira turma de mulheres na linha de combatentes”, explica.
Carlos Azevedo relata que toda a atribuição que o oficial homem tem dentro da academia a mulher também tem, não há nenhum tipo de distinção. O que acontece é que existe uma linha diferente para as mulheres, elas podem servir na área da saúde, educação, direito e administração, mas, mesmo assim, passam por treinamentos de tiro, testes físicos e até treino de sobrevivência na selva.
Atualmente, no 24º Bil, existem 11 mulheres servindo como médicas, dentistas, fisioterapeutas, técnicas em enfermagem e técnicas em administração.
Mulheres no Exército

Foto: Honório Moreira/OImp/D.A Press.
Honório Moreira/OImp/D.A Press

As tenentes do 24º BIL passam pelos mesmos treinamentos dos homens

Mesmo sem a obrigatoriedade, mulheres optam por servir ao Exército sendo voluntárias e exercendo sua profissão dentro do quartel. A tenente Karla Bezerra, de 35 anos, é formada em Fisioterapia e está no Exército há um ano. Ela conta que viu no serviço militar uma oportunidade de exercer sua função e também de se tornar militar. Recorda que, quando entrou na disputa no concurso, eram quatro vagas para 600 e a maioria mulheres. 
“Atualmente, o Exército abriu as portas para mulheres. Não existe nenhum tipo de discriminação e nem de favorecimento, fazemos tudo que os homens realizam. Somos treinadas e preparadas para o combate, embora não sejamos obrigadas a ir para linha de combate”, diz.
Quanto a trabalhar em um ambiente onde os homens predominam, Karla afirma que não é fácil, pois tem que manter sempre uma postura respeitosa, é diferente do meio civil. Segundo ela, no início houve muito receio do que lhe aguardava, porém, depois do estágio de adaptação, tudo passou a ser mais tranquilo.
A tenente Camila Belo, de 40 anos, dentista, está no Exército há sete anos e afirma que se sente realizada com sua atividade. Ela descreve que, todo ano, passa pelos mesmos treinamentos que os homens passam, não há distinção nos testes realizados. Fala ainda que nunca sofreu nenhum tipo de discriminação. Ela explica que, por haver patente, hierarquia e disciplina, não tem como existir o desrespeito.
“Sempre foi tudo muito profissional, acredito que atualmente a mulher já superou esse dogma que a mulher tem que ser a dona de casa que cuida do marido, dos filhos. O tempo mudou. A mulher já evoluiu bastante e a cada dia evolui mais”, diz com orgulho.
Quanto ao impedimento de não poder ficar na linha de frente de um combate, Camila afirma que ,apesar de não ter autorização por causa da lei, caso houvesse necessidade, iria sem problemas, pois está preparada assim como os homens para uma situação como essa. Camila acrescenta que esta realidade está prestes a mudar e ela tem certeza que muitas mulheres irão se alistar no Exército e servirão com amor e dedicação.
Para saber mais
A primeira participação de uma mulher em combate ocorreu em 1823. Maria Quitéria de Jesus lutou pela manutenção da independência do Brasil, sendo considerada a primeira mulher a assentar praça em uma Unidade Militar. Entretanto, somente em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, as mulheres oficialmente ingressaram no Exército Brasileiro.
Foram enviadas 73 enfermeiras, 67 delas enfermeiras hospitalares e seis especialistas em transporte aéreo.
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