Homem que teve corpo queimado em ataque cobra ajuda do governo
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Publicado em 19/05/2016

Homem que teve corpo queimado em ataque cobra ajuda do governo

Márcio Ronny da Cruz ficou nacionalmente conhecido em 2014.
Ele teve o corpo queimado ao salvar passageiros de um ônibus em chamas.

Márcio Ronny participou de programa na Rádio Mirante nesta quinta-feira (19) (Foto: Maurício Araya / G1

Em 3 de janeiro de 2014, Márcio Ronny da Cruz ficou nacionalmente conhecido após ter 72% do corpo queimado ao tentar salvar a vida de passageiros que estavam em um ônibus incendiado em São Luís. Entre eles estava a menina Ana Clara, de 6 anos, que não resistiu às queimaduras. Desde o início do ano, Márcio Ronny disse que vem passando por dificuldades para ter seus direitos garantidos pelo Governo do Maranhão.

"O governo cortou a minha fisioterapia, por exemplo. Era para eu fazer de segunda a sexta, mas agora só posso fazer duas vezes por semana", contou Márcio.

Márcio Ronny diz que governo não tem prestado assistência (Foto: Joyce Mackay/G1)Márcio Ronny diz que governo não tem prestado
assistência (Foto: Joyce Mackay/G1)

 

Após do ato heróico que marcou sua vida, Márcio precisa de uma série de cuidados especiais com a pele, que por causa das queimaduras ficou mais fina e sensível. "A pele fica repuxando porque ela fica muito ressecada. Os produtos que eu uso devem ser diários, principalmente o hidratante e o filtro solar", disse.

Também passaram a fazer parte da rotina de Márcio luvas e roupas especiais que protegem contra a ação dos raios solares. O problema é que boa parte desses produtos são caros e a pensão de R$1060 que ele recebe do Governo é insuficiente para custear os artigos e ainda manter a família. As roupas especiais custam, em média, R$270. Atualmente Márcio precisa de cinco peças e o estado ainda não liberou a verba para a aquisição dos produtos.

Para a psicóloga Sandra Lima, que faz terapia em Márcio, a situação que ele está passando é muito triste. "Ele se tornou um herói invisível", desabafou. "Ele tem uma série de condições por causa das queimaduras que não tem como custear", completou.Logo após a tragédia, Márcio Ronny chegou a ter depressão. E uma das coisas que ele teve que aprender a lidar foi com sua nova aparência. Mas, Sandra Lima garante que esses obstáculos já foram transpostos. "Hoje ele está 95% curado", garantiu.


Do episódio trágico também ficaram coisas boas. Márcio contou que mantém contato diário com a mãe da menina Ana Clara, Juliane Carvalho, que também foi salva por ele no dia do ataque e teve 40% do corpo queimado.

Questionado se em algum momento se arrependeu de ter entrado naquele ônibus, Márcio Ronny foi categórico: "Não me arrependo em nenhum momento. Só cobro do governo que ele continue me dando assistência como foi prometido desde quando começou essa situação", finalizou.

G1 entrou em contato com o Governo do Maranhão que afirmou, por nota, que Márcio Ronny recebe todo mês a ajuda de custo e esclareceu que tem a sua disposição prescrições para atividades de reabilitação diárias. Confira a nota na íntegra abaixo:

NOTA

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que o repasse mensal de ajuda de custo ao referido paciente é feito regularmente. A SES esclarece ainda que o paciente possui adequada prescrição para atividades de reabilitação, diárias, mediante avaliação das condições do paciente. Além do transporte custeado pela SES, as atividades são disponibilizadas no Centro Especializado em Reabilitação e Promoção de Saúde do Olho d’Água.

Quanto ao pedido de medicamentos, a SES esclarece que está em fase final de tramitação do processo licitatório para aquisição de malhas compressoras e material para tratamento oftalmológico, que inclui lentes corretivas e colírios.
Relembre

Ana Clara Sousa morreu no início da manhã desta segunda-feira (6). (Foto: Reprodução TV Mirante)Ana Clara Sousa morreu no ataque ao ônibus,
em 2014 (Foto: Reprodução TV Mirante)

Os ataques a ônibus em São Luís começaram após uma operação realizada pela Tropa de Choque da Polícia Militar no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, com o objetivo de diminuir as mortes nas unidades prisionais doMaranhão. Foram incendiados ônibus nos bairros da Vila Sarney, na Avenida Kennedy, João Paulo e na Avenida Ferreira Gullar. Além disso, duas delegacias foram alvo de tiros no São Francisco e na Liberdade. Ana Clara Sousa, de seis anos, morreu após ter 95% do corpo queimado.

Fonte:G1

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