Atitude solidária de motorista toma redes sociais e chama atenção no MA
José Antônio Oliveira desceu do ônibus e ajudou um deficiente visual.
Motorista ficou assustado com repercussão do fatoParar na faixa de pedestres é uma obrigação. No entanto, motoristas de coletivos de São Luísparecem ainda não ter incorporado a prática. A intransigência dos condutores aliada às precárias condições de infraestrutura em ruas e avenidas da capital maranhense torna difícil a rotina de pessoas que possuem problemas de mobilidade.
Mas como boas histórias nascem de bons exemplos, nos últimos dias, uma cena curiosa tomou as redes sociais e foi bastante comentada. Um motorista de ônibus, ao perceber a dificuldade de um deficiente visual, desceu do veículo e o ajudou a atravessar a rua. A situação foi flagrada pela câmera do celular de um motorista que passava pelo local e chamou bastante atenção. O caso registrado na Avenida Jerônimo de Albuquerque, no bairro Bequimão, em São Luís.Ainda assustado com a repercussão, o motorista conhecido na empresa em que trabalha como Seu Oliveira, explicou como aconteceu. "Quando chegou na parada, eu avisei para ele [o deficiente visual] . Ele pediu pra eu parar na faixa de pedestres. Quando chegou lá, como o trânsito tava muito agitado, eu resolvi descer pra ajudar ele", relatou José Antônio Oliveira.
Centenas de pessoas compartilharam a foto que retratava a solidariedade de Seu Oliveira. Ele conta que não esperava receber tantos elogios por algo que faz diariamente, sempre que vê esse tipo de situação. "Em primeiro lugar, porque ele era um deficiente visual. Em segundo lugar, os motoristas daqui não respeitam a faixa de pedestre. Mas eu já sou acostumado a fazer, e continuei fazendo", afirmou.Quem não esconde o orgulho são os funcionários da empresa onde José Antônio trabalha. Há 40 anos exercendo a profissão, o motorista sempre foi um exemplo e os colegas não poupam elogios. A psicóloga da empresa, Amália Cardoso, comenta que o motorista possui caracterísicas cruciais que tornam melhor o ambiente de trabalho."Sem dúvida nenhuma, caráter, formação pessoal, é o que a gente procura investir e trazer sempre para perto, aqui na empresa. Para que o serviço não fique mecanizado", disse a psicóloga.
Embora a empresa prime por treinamentos que humanizem o serviço disponibilizado, o gerente de tráfego da empresa, Daniel Cunha, garante que o bom relacionamento com o público é característica inerente ao Seu Oliveira.
"Apesar de nós investirmos continuamente nos treinamentos, no enriquecimento dessa parte do relacionamento com outro, isso é dele, do comportamento dele. É um ato que precisa ser copiado por todos os operadores do transporte público de São Luís", declarou.
Problemas de mobilidade
No mesmo local onde a ação solidária foi registrada, o que não faltam são motivos para reclamar. Os buracos que se estendem por toda a via retratam a falta de preocupação com a infraestrutura. Isso porque, na mesma via ficam localizados um hospital público e a Escola de Cegos de São Luís.Quem passa pelo local diariamente, comenta que já presenciou vários deficientes tropeçando e caindo em buracos. "Eu já vi acontecer de cego cair, várias vezes. A gente tenta ajudar, ajuda da maneira que pode", relatou o mototaxista Luís Veras.
Mas, mesmo com a impaciência de alguns motoristas, pequenos atos de solidariedade ainda podem ser vistos. Outros condutores parecem estar aprendendo com o exemplo do Seu Oliveira.
É o que confirma a professora Ana Paula Maciel, que é deficiente visual. Ela conta que, por conta dos buracos, sempre o motorista para na faixa, do lado da Escola de Cegos. "Ele sempre para aqui, quando a gente pede. Por causa daquela travessia pequena com os buracos, das calçadas. Fica difícil chegar até aqui, mas ele sempre ajuda"
Fonte:G1 Ma